Já virou ideia comum o encontro no Rei da Pamonha para tomar um café gostoso e seguir viagem para algum encontro motociclístico ou passeio em geral. Dessa vez marcamos encontro com Flávio Coelho e a viagem foi pra Irecê/BA, terra do feijão.
Aliás a rodovia chamada de Estrada do Feijão é a que pegamos para chegar até lá, uns 470 km. Uma boa estrada, num primeiro trecho até Baixa Grande tem poucas curvas e longas retas, mais pra frente é preciso se preocupar com as perigosas curvas que já levaram alguns motociclistas para o paredão.
Conversa vai, conversa vem, arruma dali, estica daqui e a noite chegou rapidinho. Era a primeira noite do Forrock 2013 - Encontro Nacional de Motociclistas a expectativa era grande, porque no ano passado o Forrock 2012 foi muito legal. Numa grande área, o movimento tímido de populares e de motociclistas logo é percebido, talvez pelo longo feriadão afinal era quinta-feira... Um pouco desanimados, voltamos para o camping..., o corpo pedia descanso.
Xique-Xique é uma cidade relativamente nova - 85 anos, bem pequena, à margem direita do São Francisco. Seguindo o caminho beirando o rio, dezenas de embarcações em um movimento incessante de chegada e saída o que se constitui num grande porto para o comércio e transporte para a região. Muito próximo a esse porto fica o mercado municipal, não muito limpo, em que o comércio principal é a venda de peixes, dentre eles o tambaqui e piranhas. Foi no mercado que conhecemos Sin, um motociclista cheio de estilo, do Rio de Janeiro "perdido" alguns meses por nossas terras e o convidamos a ir até Irecê participar do encontro.
Não ficamos muito tempo, nosso intento era ir até o município de Barra/BA e chegar até mais uma cidade ribeirinha, Itacoatira. Pois bem, pegamos de volta a estrada, 80 km de boa estrada até a balsa que atravessa o Rio São Francisco e funciona por 24 horas ininterruptamente com travessia de pedestre, carros pequenos, motos e caminhões de carga pesada. Por R$3,00, atravessamos com a moto. Já em Barra, tivemos mais um encontro inusitado com motociclistas a caminho de Xique-Xique oriundos de Luiz Eduardo Magalhães,o Rota 020.
A dificuldade de descer da barca não foi mais fácil do que a subida, saímos direto na areia e singramos por dentro da mata, por caminhos ora de areia, ora de terra batida, margeando o rio. O calor, a poeira e o completo desconhecimento de onde estávamos nos deixou um pouco apreensivos. Logo chegamos em uma vila, Jauá e aí Rogério sentiu-se mais à vontade. Paramos num boteco de beira de estrada, na verdade uma choupana, como se fosse um oásis no meio daquele calor e areal. Resolvemos ficar um pouco, pegar umas informações e, ficamos tão à vontade naquela venturosa sombra, que bebemos água gelada (do Rio São Francisco!), chupamos melancia oferecida pelo morador e comemos um peixe frito com farinha que mais pareceu-nos um manjar dos deuses. Foram minutos enriquecedores de informações e de conversa.
Agora parecia estar fácil..., passamos por mais um vilarejo, Curralinho e o próximo seria Itacoatiara. O problema foi que não percebemos a bifurcação ao contrário e o resultado foi que estávamos perdidos, literalmente, em meio a uma vegetação de caatinga, sem passar um pé de gente, sob um sol de queimar o juízo e um caminho nada, nada amigável. A Ténéré e a Transalp pareciam estar aguentando firmes toda aquela areia e pedras, quem ficava atrás só recebia poeira e pedrinhas que saltitavam a medida que passávamos por ela. Num dos areais, Minho inadvertidamente subiu no "camelo" e desequilibrou a sua Esmeralda. Não foi transtorno e logo eles estavam novamente em pé, cheios de areia, mas em pé. Depois do susto, continuávamos perdidos, as vezes parecia que estávamos dando voltas e resolvemos seguir a fiação da energia elétrica até que chegamos em umas casas também ribeirinha ao São Francisco, mas não era Itacoatiara.
Com um pouco de conversa com os moradores o caminho foi definido: "é só seguir o curral", parecia ser tão fácil... rsrsrs. Seguimos o curral, por um caminho tal qual o que já estávamos nos acostumando, mas, no meio do caminho havia uma lama com argila e Minho mais uma vez deixa sua Esmeralda no chão. Dessa vez, um pouco mais sério, o deixou desapontado, com o espelho retrovisor esquerdo quebrado e o pedal da marcha entortado. Graças a Deus, nas duas quedas, nem Minho e nem Su saíram com machucados sérios. Um motociclista local que havia visto a cena, aproximou-se, nos confortou de que ali era um local comum caírem, ajudou a desentortar o pedal da marcha e nos guiou até à vila tão desejada.
Dali pra frente seria mais uns 70 km até chegar de volta a Barra. Na verdade, seria esse caminho que estava nos planos de Rogério..., mas, enfim, tornamos a atravessar o rio e quando chegamos do outro lado o sol já estava se escondendo, era o sinal de que pegaríamos os quase 180 km de volta no escuro numa estrada que apesar de boa é muito perigosa devido aos animais soltos na pista.
Chegamos bem à noite em Xique-Xique e fomos direto para o evento que, ainda, não havia emplacado. Depois de um dia cansativo e de quase desespero resolvemos ir descansar. ("Uma lua me ilumina. Com a clareza e o brilho do cristal. Transando as cores desta vida. Vou colorindo a alegria de chegar...").
Quando terminamos tudo já era meio-dia e fomos até uma comemoração do Rota da Amizade, nossos amigos já estavam lá e o momento era para interagir, comer uma deliciosa feijoada e deixar a alegria tomar conta da gente.
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