terça-feira, 23 de abril de 2013

MUTUÍPE/BA - 29 A 31/3/13


Qual a melhor receita para um bom final de semana? Bem, com bons ingredientes, se faz uma boa mistura e o prazer vai estar no resultado. Final de semana no forno. Os ingredientes foram algumas motos, um punhado de motociclistas de diversos moto clubes, um cenário natural e uma pitada de vontade de pegar a estrada. O resultado? Uma Mistura Fina! Essa é a receita de um grupo de motociclistas que se reúnem para passeios ecológicos. Uma rapaziada que só quer se divertir e botar a moto na estrada. ("Eu acredito é na rapaziada. Que segue em frente e segura o rojão. Eu ponho fé é na fé da moçada. Que não foge da fera, enfrenta o leão..." E Vamos À Luta - Gonzaguinha). Antes que nos esqueçamos o grupo era bem grande: Pimenta - Ninjas, Pitanga e Marta, Rogério e Carmen - Vírus da Liberdade, Minho - Vírus da Liberdade, Ferreira e Alda - Motriz, Roque e Silvana - Ninjas, Piu Piu e Lena - Mensageiros de Cristo, Varjão e Rita, Ana Hilde e Udribiú, dentre outros que foram e não ficaram no camping .
Com um grupo grande as constantes paradas são inevitáveis, até mesmo para ver se estão todos no mesmo caminho, fazer alguns ajustes e, lógico, tirar muitas fotos. Mas a parada oficial mesmo foi no portal da cidade de Laje/BA que dá acesso ao nosso destino a cidade de Mutuípe/BA, no Vale do Jiquiriçá. Com a ajuda do sol a viagem estava uma beleza apesar do calor intenso, mal sabíamos a falta que faria... rsrsr. Foi nessa parada que Rogério pode colocar em prática sua experiência em correntes. A corrente da moto de Ana Hilde estava dando uns estalos e ele pode com um pequeno ajuste deixar a nossa amiga mais tranquila na viagem. No mesmo instante outra moto apresentou um problema numa extensão de marcha, também resolvida com uma amarração e um alicate, por Rogério e Minho, do Vírus da Liberdade. ("... Eu vou à luta com essa juventude. Que não corre da raia a troco de nada. Eu vou no bloco dessa mocidade. Que não tá na saudade e constrói. A manhã desejada...").
Alguns bons minutos de atraso e já estávamos na estrada de barro em Mutuípe/BA para chegar até a Cachoeira Roda D'Água. Apesar dos percalços tudo saiu a contento, como planejado, como desejado. A boa estrada de terra não desanimou nem mesmo os motociclistas das motos baixas, nos seus 24 km.
Enfim, chegamos a Cachoeira Roda D'Água uma das três que formam a Rota das Cachoeiras, em Mutuípe/BA - Roda D'Água, Três Saltos e Cachoeira Alta. O Mistura Fina é isso! É redescobrir, achar a natureza no cenário de maior esplendor, em paraísos ecológicos ainda preservados. A primeira cachoeira é o local do nosso camping, uma área cedida pelo dono do local que mantém uma boa infraestrutura para atender aos visitantes, com bar e restaurante. Adentrar no espaço da Roda D'Água é imergir num cenário de beleza, de muito verde e ar puro. Quando chegamos já haviam alguns visitantes que desfrutavam do local, de nossa parte, foi cada um ir se ajeitando e escolhendo o melhor lugar para armar a sua casa provisória.  A turma estava grande mas todos se acomodaram e como uma grande família nos regozijávamos com um bom bate papo nas portas das casas.
Depois de toda arrumação decidimos relaxar nas águas geladas da cachoeira. O maior atrativo da cachoeira além da sua beleza é a roda que dá nome ao local, a piscina proporciona um dos mais gostosos banhos e ainda tem o toboágua e a chuveirada de balde.
A tarde correu solta num clima de muita diversão, alegria e harmonia. No final da noite os rapazes iniciaram um jogo de dados cujo castigo era beber uma pinga e três perdas consecutivas resultariam no banho frio, àquela hora da noite, com um clima esfriado... afff. Mas o que era pra ser castigo, virou prêmio para Ferreirinha e Udribiú que mais se divertiram do que se sentiram castigados. Fazer o quê? ("... Aquele que sabe que é negro o coro da gente. E segura a batida da vida o ano inteiro. Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro. E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro...").
A dormida foi tranquila para todos, sem barulhos de carros os sons que se ouviam eram de insetos e da garoa que caiu durante toda a noite.A manhã seguinte nos despertou com muitas nuvens, um leve frio e a expectativa de que seria um dia de pouco sol... Nos reunimos no restaurante para o café da manhã e decidir o que fazer a partir daquela hora.
Enquanto uns ainda acordavam, outros tomavam café e nós, achadeiros de plantão, resolvemos fazer um reconhecimento de campo fazendo a rota das cachoeiras. Por uns 5 km de estrada de barro ladeada ora por mata virgem ora por plantações de bananas, cacau e coqueiros, passamos pela Cachoeira Três Saltos (com infraestrutura semelhante a Roda D'Água) e chegamos à Cachoeira Alta. 
A pouca água devido a estiagem diminuiu um pouco a beleza dessa cachoeira que é a mais natural das três, por não ter barragens nem piscinas. Seu nome refere-se a sua altura, são uns 150 m de extensão de água descendo por entre pedras. As águas do Jiquiriça percorrem muitos caminhos por 10 municípios baianos, formam cachoeiras, embelezam paisagens até chegar a sua foz em Valença. São os  belos caminho do Jiquiriçá!

Retornamos para o camping e o pessoal já estava arrumado para a saída. Um dos momentos planejados pelo Mistura Fina foi colocar uma placa na Cachoeira Alta que identificasse nossa passagem por lá, onde meses atrás foi visitada por alguns dos participantes. Um deles, Pitanga, salvo engano, diante da beleza e da aventura de escorregar pelas suas pedras teria emitido a expressão "Ai meu Deus!". O tempo continuava nublado ameaçando cair uma boa chuva. Mas, os intrépidos motociclistas não se intimidaram e seguiram até a dita cachoeira.
O desafio era onde pregar aquela placa... Fomos até o ponto mais alto da Cachoeira Alta que nos privilegia com uma visão maravilhosa do vale formado pela descida das suas águas que se perdem no horizonte. Após algumas tentativas conseguimos deixar a nossa passagem por tão maravilhoso exemplar da natureza. Ai meu Deus!!!
Por alguns momentos pensávamos que a chuva não cairia, ledo engano. De repente caiu um pé d'água bem na hora que Pitanga, Udribiú e Varjão tentavam escalar a cachoeira, se esgueirando pelas pedras escorregadias. Ainda bem que desistiram da empreitada...
A partir daí a chuva desceu com vontade, bateu saudade e a vontade de voltar pra casa aqueceu o coração de um apaixonado. Mesmo debaixo de chuva, por uma estrada escorregadia acompanhamos Minho por uns 13 km até a cidade de Tancredo Neves/BA para Vitória da Conquista/BA.
 A tarde continuou fria e se estendeu até à noite. Muito papo, risadas, jogo de dominó e uma sopa bem gostosa dominaram a noite já nos preparando para o dia seguinte...
O domingo amanheceu assim... mais ou menos... nem chuva... nem sol. De qualquer jeito era começar a batalha de voltar a realidade, depois de dois dias onde todos juntos e misturados fizemos a velha receita da amizade se manifestar numa gostosa brincadeira de final de semana. Que venham outros, que venham mais... Nós estaremos por aí!!! ("... Aquele que sai da batalha. Entra no botequim, pede uma cerva gelada. E agita na mesa logo uma batucada. Aquele que manda o pagode. E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira. Pois o resto é besteira. E nós estamos por aí...").