sábado, 25 de fevereiro de 2012

JIQUIRIÇÁ/BA - 18 A 21/2/12

"Já é Carnaval cidade, acorda pra ver!"... E nós acordamos naquele sábado, mas não pra ver o Carnaval, acordamos para nos encontrar com amigos e seguirmos juntos para o Vale do Jiquiriçá. Ainda escuro, chegamos ao ponto de encontro no Posto do Rei da Pamonha e fomos os primeiros a chegar juntamente com Flávio Coelho. Aos poucos os outros companheiros de viagem foram chegando e formando a segunda turma, uma terceira turma sairia no domingo e a primeira saiu no dia anterior.


Sem ter pressa pra chegar e com uma bela estrada pela frente fizemos algumas paradinhas básicas. A primeira delas após a entrada de Muritiba/BA. Paramos pra tomar um cafezinho e esperar a chegada de outros motociclistas que se juntariam a nós.


Mais uma paradinha para conferir que todos estavam juntos... Afinal, era pra ser um passeio, uma integração não apenas de moto clubes, mas de amigos motociclistas organizados para o 1 Moto Passeio Ecológicos ao Jiquiriçá.


Uma terceira parada, entre motos e carros, estávamos todos juntos na bela entra de Laje/BA. Dali para Mutuípe/BA faltavam apenas uns 40 km.


Chegamos por volta do meio dia e depois de uma parte do pessoal, aliás, a maior parte, se acomodar no Hotel Revilu, aguardamos para todos juntos almoçarmos.

Após o almoço, era a nossa vez de acomodar nossas bagagens e nos hospedarmos no camping, uma escola a 11 km mais precisamente na cidade de Jiquiriçá/BA. Lá fomos recebidos por Celso que com grande simpatia e solicitude nos encaminhou à "nossa casa temporária".

Enquanto a tarde caía nós, acompanhados de Flávio e Da Hora, jogávamos conversa fora e nos deliciamos com macaxeira e carne do sol até o anoitecer. A bela vista, o papo rolando, a companhia de amigos e boa comida fez a hora passar...



O circuito do Vale do Jiquiriçá e o do Recôncavo fazem parte da Zona Turística Caminhos do Jiquiriçá que compreende um conjunto de cachoeiras, rios, morros, flora e fauna exuberantes e, agraciados, nós estávamos ali pra vivenciar a emoção de fazer parte dessa maravilha da mãe natureza, da Mãe Terra - Gaia. ("Gaia que fez o céu. Que me faz amar. Gaia deusa da terra. Mãe, criadora do mar. Ela é a mãe natureza. Minha rainha, pura beleza...")


No domingo saímos para fazer nosso primeiro passeio programado. Por ouvir dizer que as estradas de terra estavam ruins devido às chuvas o grupo capitaneado por Pimenta decidiu locar um ônibus e seguir para a Cachoeira Roda D'Água, uns 23,5 km de Mutuípi/BA. Mais audaciosos, nós, Paulinho e Jamile e Alexandre resolvemos encarar a temida estrada de barro que, pra falar a verdade, não estava tão ruim.



A Cachoeira Roda D'Água faz parte de um balneário com infraestrutura para atender o turista. A roda d'água em constante movimento pela força da água atrai a atenção de quem chega e aliada à beleza local se torna o cenário para várias fotos.


Enquanto esperávamos a turma do ônibus chegar desfrutamos e nos divertimos com a bica de onde cai água bem gelada. A turma do ônibus passou direto pra a Cachoeira Três Saltos a 1 km dali onde preferiram ficar.



Por opção decidimos voltar pra cidade, nós e Alexandre, até porque a chuva já ameaçava cair como de fato caiu deixando a estrada escorregadia e nós e as motos completamente cheias de barro.

Na segunda a programação do passeio dava destaque para uma palestra de apelo ecológico e o passeio até a Cachoeira de Guigó. O local escolhido para a palestra foi a pracinha defronte ao nosso camping sob a sombra de uma linda copa verde. A palestra foi realizada por Saulo Martins, motociclista e terapeuta que com uma conversa simples e direta nos alertou sobre os sinais que a natureza já deixou de dar, deixou de ser previsão para ser realidade. Nos alertou para que desenvolvêssemos atitudes ecologicamente corretas com a natureza que só nos acolhe e finalizou nos alentando de "diante da mais perfeita criação divina, nós somos a imperfeição mais perfeita". ("Que negócio é esse de que somos culpados. De tudo que há de errado sobre a face da Terra. Que negócio é esse de que nós não temos. Os devidos cuidados com o mundo em que vivemos. Fazemos quase tudo por necessidade. Vivemos em busca da felicidade. Somos seres humanos. Só queremos a vida mais linda. Não somos perfeitos. Ainda.").


Após a palestra que, segundo o próprio Saulo, certamente tocou os nossos corações ainda carecia de tocar a mente, mais uma vez por causa da ameaça de chuva a turma se dividiu à procura de caminhos mais tranquilos para passear. Decidimo-nos por ir conhecer a Cachoeira do Clóvis e a dos Prazeres localizadas próximas de onde estávamos. Primeiro tentamos chegar até a Cachoeira de Clovis, depois de subidas e descidas por estrada de barro desistimos porque tínhamos que seguir uma trilha, como estávamos sozinhos não quisemos arriscar em deixar a moto. O passeio valeu pelas belas paisagens!



Seguimos para a Cachoeira dos Prazeres, formada pelo Rio Boqueirão e por várias bacias nos lajedos é um convite para o banho. Um local aprazível, arborizado e com boa infraestrutura para atender aos visitantes e usuários.


Apesar das belezas das cachoeiras visitadas ainda nos sentíamos um pouco frustrados por não ter feito ainda um passeio ecológico. Queríamos sentir na prática as palavras de Saulo que ecoavam em nossas mentes sobre o espírito motociclístico, uma alma em busca constante de fazer parte da natureza, ser natureza, viver natureza... Numa última tentativa, pois no dia seguinte já era o dia de voltar pra casa decidimos ir à Cachoeira de Guigó, ali mesmo em Jiquiriçá/BA, a uns 28 km.

A estrada de barro não nos assusta e até compõe um cenário mais natural. Durante todo o percurso passamos por plantações de cacau, macaxeira, maracujá, coco, abacate, guaraná, banana, jaca, goiaba e uma diversidade de outras árvores. Enfim nossos olhos e almas se enchiam de alegria pelo brinde que se abria a nossa frente.



Dessa vez o nosso destino foi mudado pra melhor! Deus premiou aquelas terras e o homem completou. Nós mudamos os planos e recebemos um presente. ("E ele falou simplesmente. Destino é a gente que faz. Quem faz o destino é a gente. Na mente de quem for capaz. Mas foi sua própria voz que falou. Seja feita a sua vontade. Siga o seu próprio caminho. Pra ser feliz de verdade").



Mas o destino às vezes também prega umas peças... De fato, as estradas não nos assusta a não ser quando ela está tal qual quiabo. O barro encharcado pela chuva teimava em não deixar a moto em pé. Com muito esforço e ainda com uma garoa caindo chegamos até bem perto da Cachoeira de Guigó mas o cenário estava se tornando de pavor..., resolvemos voltar..., na verdade "nadamos, nadamos e morremos na praia".





Se por um lado na nossa lembrança ficaria o que lá vivos e vivenciamos, a emoção que sentimos a cada rodada, por outro, nas botas e na moto o que ficou foi muito barro, tanto que não houve outra saída para a Pretusca senão tomar uma ducha.


Toda viagem para nós é um aprendizado. A nossa bagagem do conhecimento se avoluma a cada final dela. São novas emoções, novas amizades, novos lugares, novas histórias. Descobrimos que nem sempre o que planejamos é o que será realizado, que às vezes nos deparamos com as intempéries do tempo, da vida, dos relacionamentos. Descobrimos que temos que aprender "a arte de sorrir cada vez que o mundo diz: não".