terça-feira, 27 de novembro de 2012

LENÇÓIS/BA - 15 A 18/11/12

Feriadão é sinal de estrada pela frente e de preferência para lugares que se tornem inesquecíveis. E ir para Lençóis/BA - Chapada Diamantina, surgiu de forma inesperada e aceita imediatamente. Nessa empreitada se uniram a nós, inicialmente, saindo de Salvador/BA, Sandro e Danúbia novos promissores companheiros de viagens.
A fim de não pegarmos trânsito intenso saímos cedinho, adiantamos o passo e nos livramos de alguns transtornos. Fizemos a primeira parada nas proximidades de Santo Estevão/BA para dar uma refrescada na garganta. A ideia de ir para Lençóis/BA veio a calhar e tivemos bons motivos para essa escolha. Primeiro, ir para Lençóis não é sacrifício algum e é preciso mais de uma ida para usufruir de toda aquela natureza; segundo, fomos ao encontro de um amigo Brazil Rider, Breno Leite, do Pará, que também estaria lá e seguiria para Salvador, daí resolvemos encontrá-lo e descermos juntos; por fim, participarmos, a convite de Breno, do IV Encontro Nacional dos Highlander - ENH 2012. Querem mais??? Tem sim! No caminho para Lençóis pernoitar em Itaberaba e saborear nossa pizza predileta - margherita e rúcula com tomate seco, na Pierina.
Chegamos cedo em Itaberaba, nos hospedamos na Pousada Diamantina, lugar simples mas bem direitinho e ficamos aguardando mais um casal, Braga e Su - Vírus da Liberdade. Depois de almoçarmos juntos fomos até o Morro de Bom Jesus, recentemente revitalizado e quer saber? Estava muito aprazível apesar de vermos de perto o efeito da falta de chuva, o grande açude estava quase seco.
Itaberaba é uma cidade de clima bastante quente e pra amenizar o calor nos aproveitamos da varandinha da pousada e "disputamos" uma partidinha de dominó. A noite enfim chegou cheia de expectativas para comer a "nossa pizza". A praça, mesmo no feriado, é bem movimentada e rodeada de opções para comer e beber e é claro, nossa opção foi parar na Pierina.
 Se o dia é quente em Itaberaba, à noite o clima é bem ameno, com um pouco de vento que deixa a noite bem agradável. Deliciosamente deixamos a praça e seguimos novamente para o Morro do Bom Jesus e a nossa surpresa ficou por conta da iluminação modificando um pouco o cenário e conferindo ao lugar paz e tranquilidade.
Na sexta-feira, seguimos para Lençóis/BA. De imediato nos hospedamos no Hotel Tradição, próximo ao centro histórico e saímos caminhando pelas ruas de pedras ladeadas por casarios que nos remetem a especular a época da exploração de jazidas de diamantes. Lençóis recebeu esse nome pelo lajedo que corta a cidade e em dias de muita água ela desce como um lençol estendido sobre as pedras.
Não dá pra ficar parado em Lençóis, são tantas opções de passeios que um dia só não basta. Seguimos para o Serrano - um antigo garimpo, com grandes crateras que formam piscinas naturais propícias para banho. As rochas do Serrano são formadas por pequenas pedras coloridas que faz a nossa imaginação voar, como sendo pequenos diamantes... Conseguimos um guia mirim, Wellington, muito sabido e empreendedor que nos levou ao passeio pelo Serrano.
Não dá pra passear por ali sem um guia, são subidas e descidas, entradas e saídas que podem fazer alguém se perder ou, no mínimo, assustar-se.
Passando pelo Serrano andando por entre grutas chegamos até o Salão de Areias. O salão recebe esse nome por causa da decomposição das pedras coloridas em areia própria para o artesanato. Pensar que estamos embaixo de pedras nos dá uma sensação de temor e de peso, como se o mundo estivesse sobre nossas cabeças.
Wellington continuou a nos guiar por mata a dentro, por trilhas estreitas, subidas e descidas, como se estivéssemos em um labirinto e para nós era mesmo... rsrsr. Chegamos ao Poço Halley, um grande poço formado pelo rio que corre mansamente, ainda bem! Semanas atrás, a chuva foi tanta que desceu uma enxurrada de água levando tudo pela frente, fez um bom estrago na mata ciliar. A água calma do poço é um convite para um banho gelado, no poço pequenas piabas ficam a beliscar as pernas, não dói, mas dá uma gastura danada... rsrsr, bom mesmo é sentar nas pedras e deixar a água passar por você.
A caminhada continuou depois do deleite no Poço Halley e ora subimos ou descemos até a Cachoeirinha, uma queda d'água que desce entre as rochas até um poço onde dá para tomar banho. Por ser de fácil acesso muitas pessoas estavam po lá fazendo a festa.
Apesar do local distante, ambulantes levam até lá água de coco e outras bebidas, além de alguns salgadinhos. O impressionante e muito gratificante foi não ter visto lixo em lugar algum por todo o nosso passeio. De volta ao Serrano nos despedimos e agradecemos o belo passeio ao nosso guia mirim, Wellington.
Foi um passeio e tanto e estávamos cansados, assim, seguimos de volta ao hotel e só saímos à noite. O movimento era bem grande no centro histórico onde ficam a maioria de lanchonetes, bares e restaurantes, onde todos se encontram. Foi lá que encontramos com nosso amigo BR, Breno que nos apresentou a Juça Bala, também BR, de São Paulo. O Centro Cultura estava com um grande movimento com apresentação de um grupo de samba e uma exposição de trabalhos dos jovens da região. No centro tem umas barracas que comercializam o artesanato local, cheias de curiosidades e peças de pedras.
O dia em Lençóis amanhece frio, com uma leve brisa a nos ralar o rosto nos enganando o pensamento de que o dia não será quente, ledo engano... Tomamos café e nos juntamos a turma do Highlander, meio que de gaiatos participamos da foto oficial na frente da Igreja de Bom Jesus dos Passos, padroeiro da cidade.
Dali cada um tomou seu caminho que ao final foi comum a todos. O destino era a cidade de Iraquara, uns 30 km, para chegar até a Gruta Azul e a Pratinha. Paramos no Povoado de Santa Rita para gelar a garganta porque aquela brisa havia ido embora dando lugar ao intenso calor, aff! Seguimos para a fazenda por uma estrada de barro batido. Antes de percorrer a fazenda guias especializados orientam os visitantes sobre os passeios, valores e preservação ambiental.
    Para entrar na fazenda paga-se R$15,00 que dá direito à visita à Gruta Pratinha, a Gruta Azul e banho na Pratinha. Se quiser mergulhar na Gruta Pratinha paga-se R$20,00 pela flutuação e mais R$30,00 caso queira ser fotografado, é o espeleomergulho. A água rica em calcário e magnésio dá a cor azulada à Pratinha além de micro búzios branquinhos misturados a areia. Outra opção é a descida pela tirolesa (R$10,00) até a margem da Pratinha, uma descida curta, mas que faz a alegria dos que se aventuram.   Do alto a beleza da Pratinha já é visível o que aguça ainda mais a vontade de banhar-se em águas tão cristalinas. Resolvemos descer de tirolesa, mas antes fomos até a gruta ver os que esperavam para a flutuação e admirar um cenário tão belo. Que presente a natureza nos dá! A sucessão de fotos é infindável, uma tentativa de guardar, além da memória, tão inesquecíveis imagens.
Difícil mesmo é deixar o lugar... mas lá vamos nós cheios de coragem e garganta para muitos gritos ao descer a tirolesa. De um a um nós descemos e desfrutamos do banho na Pratinha.

A fazenda tem toda uma infraestrutura para receber os visitantes, assim, depois da Pratinha subimos até o restaurante para forrar a barriga, afinal ainda tinha mais uma gruta para conhecer. Uma caminhada de uns 500 m e chegamos até a Gruta Azul. Apesar do calor o sol estava escondido o que prejudicou a beleza da gruta, sem luminosidade e sem o efeito da refração dos raios solares a água estava pouco azulada. Diminuiu a beleza mas não a emoção de estar naquele local. Por uma escada íngreme chegamos até a gruta. É tudo muito lindo de se ver, as estalactites, a água cristalina, sentir a unidade do ar. De bem perto é possível perceber o tom azul turquesa da água e ficamos a imaginar o quão lindo não será com a iluminação dos raios solares. Perdemos esse espetáculo da natureza, mas não deixa de ser um motivo a mais para voltarmos porque a natureza oferece muito mais!
Ao sairmos nos ensinaram um atalho que diminuiu em uns 20 km a volta e chegamos já próximo ao Morro do Pai Inácio. Estávamos cansados e a dúvida pairou em alguns de nós. Sandro e Danúbia desistiram e seguiram para a Lençóis e nós, os intrépidos motociclistas alpinistas resolvemos nos esgueirar por entre pedras, numa subida de uns 300 m. Por R$5,00 a passagem é liberada. A subida é de tirar o fôlego, mais ainda a visão panorâmica da Chapada que o morro nos dá. Um misto de sensações nos invade, mesmo a quem já esteve por lá... a cada volta a emoção se multiplica. A sensação de paz e plenitude diante do presente divino nos faz sentir ao mesmo tempo tão pequenos diante da generosidade e tão grande diante de todo aquele cenário digno de contemplação.
Como dissemos, foram muitos os motivos que nos levou a Lençóis, com exceção de um deles, todos foram cumpridos. Breno que iria descer com a gente pra Salvador teve um contratempo com a moto de um amigo e tiveram que retardar a ida por mais um dia e seguiriam na segunda-feira. Mais um passeio pela noite de Lençóis e nos recolhemos para seguir viagem no outro dia. Nós, Sandro e Danúbia, seguimos juntos para Salvador enquanto que Braga e Su retornaram para Vitória da Conquista/BA. Motivos é o que não nos faltam para encarar estradas, horas de viagem e o prazer de conhecer lugares, pessoas, culturas e histórias.