segunda-feira, 29 de março de 2010

TUPARETAMA/PE - 25 A 28/3/10

Que "lonjura" dessa vez nós percorremos, viu? Foram 1684 km entre ida, voltas e vinda... destino, Tuparetama/Pe. Mas a preparação para essa viagem começou muito antes com a manutenção da moto feita pelo próprio Rogério... versátil esse rapaz!


Bem, no dia certo, quinta-feira (25-3-10), a moto estava nos trinques, pronta pra viajar e rodar seus pneus por essas estradas nordestinas. ("Minha vida é andar por esse país...")
Saímos por volta das 12h30 e paramos em Catu/Ba para fazer um lanchinho rápido. Uma lanchonete legalzinha no posto de gasolina... mas o atendimento é pra lá de ruim!

O céu não era de brigadeiro, o clima estava agradável e havia prenúncio de que iria cair água... ficou uma mistura de céu e chuva... casamento de viúva... rsrsr

Como de costume quando passamos por Nova Soure/Ba, subimos o Morro de São José pra deixar nossas fitinhas e pedir proteção.

Tem estradas que já são habituais passarmos por elas e aí a gente cria alguns pontos estratégicos de paradas para um pequeno lanche, uma água ou só mesmo pra dar uma esticada no corpo. Assim foi por esse caminho que tantas vezes já passamos, a BR 110. Paramos então, mais uma vez e dessa vez pra espantar a maresia e comer mais um lanche... foi em Cícero Dantas/Ba, terra do nosso amigo Morcegão... sempre nos lembramos dele quando passamos por ali.

Começava a entardecer e a natureza nos presenteou com um belo cenário de crepúsculo por trás dos morros... muito lindo! Um cenário bonito mas espantoso porque além do clarão vermelho, já começava a relampejar e o céu a ser riscado por raios. Os raios por sinal são encantadores... perigosos, mas encantadores... Os relâmpagos abriam clarões... "flash, flash, flash"... estavam nos fotografando insistentemente... rsrsr ("São as águas de março fechando o verão...")

A noite nos pegou com chuva quando já nos aproximava de Paulo Afonso/Ba. Paramos para jantar. Prato da noite: bode assado... Rogério até roeu o osso... rsrsr. A chuva continuava e dessa vez nada de fotografar a "nossa" querida Serra do Umbuzeiro... certamente não retrataríamos toda sua grandiosidade... quem sabe na volta!

Às 18h, mais ou menos, chegamos na casa de Zerado, em Paulo Afonso/Ba. Local de pouso certo e garantia de boas risadas com as piadas contadas por ele... dentre tantas, a do cabra que se passou por Lampião fez Rogério e a todos se estatelarem de tanta risada. A Globo não sabe o que está perdendo... kakakaka... e ainda rolou uma rodada de vinho oferecida por Mara e Bem, casal de motociclistas paulistas, que estavam viajando de férias e também estariam indo para Tuparetama/Pe... que coisa boa!

De manhã cedinho (sexta-feira, 26-3-10) nos despedimos do nosso amigo e seguimos viagem. Temos um carinho enorme por esse cara, Zerado, grande coração!


Na saída de PA, tinhámos duas opções: ir por Floresta/Pe ou por Sertânia/Pe. Como recentemente passamos por Floresta para irmos até Afogados da Ingazeira, ficamos com a segunda opção... a gente gosta mesmo é de novidade! E a primeira delas foi passar por uma pequenina e encantadora cidade: Tacaratu/Pe. Pensem numa cidade organizada, limpa, casas pintadas... bonita de se ver! Tem também um portal com todas as informações turísticas a serem vistas na cidade... show! É uma região indígena e seu nome quer dizer serra de muitas pontas... e, de fato, quando saímos dela descemos a serra e percorremos toda a estrada ladeada por um cenário de serras.



Ainda passamos por Caraibeiras, distrito de Tacaratu, que recebeu esse nome pela abundância de Caraibeiras ou Ipê Amarelo na região e que tem na tecelagem sua grande economia, daí o nome de cidade das redes.

Sempre que algo nos chama atenção a gente para pra ver o que é... curiosos!! Mas a curiosidade faz parte da nossa aventura do conhecimento que desafiamos em todas as nossas viagens... aprender mais é sempre bom! Dessa vez ficamos intrigados com os canais de irrigação. Esses canais fazem parte do projeto de transposição do Rio São Francisco... são braços de água que melhoram o abastecimento nas regiões de agricultura do sertão nordestino.

Chegamos a Sertânia e numa passagem rápida paramos na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição que Carmen adorou... e vocês nem advinham porquê mesmo?

Curiosidade: havia um relógio de luz cheio de folhas... seria um relógio ecologicamente correto???

Mais 72 km e chegamos a Tuparetama/Pe, cidade pequena localizada no Alto Sertão do Pajeú. Seu nome quer dizer pátria de Deus. Tuparetama estava sediando o Sem Fronteiras Motofest 2010, reunindo na pátria de Deus centenas de motociclistas vindos de várias localidades, inclusive nós.
De cara, ao chegar na praça do evento, nos encontramos com nossos amigos Ewaney e Cris, do Sem Fronteiras/Sertânia e uma figurinha carimbada, futuro motociclista, Juninho, além de Paje, da tribo Atroari.

Depois da calorosa recepção, hora de cumprir parte do ritual: fazer a inscrição e entregar nossa linda bandeira... Carmen fica toda metida com essa bandeira... rsrsr

Ritual cumprido passamos na sede de outro moto clube de lá, No Limit, dos nossos amigos João Cabelo e Lorinho. A sede é um lugar que exala motociclismo por todos os cantos... quanta dedicação! E é claro que não deixaríamos de disseminar o Vírus da Liberdade por lá também...

Voltamos para a praça para aguardar João Cabelo que nos levaria ao nosso acampamento... enquanto isso, o calor estava pedindo uma geladinha...

Logo Cabelo chegou e nos guiou, primeiro até a sede onde tiramos mais fotos.

O local do acampamento era uma creche e, diga-se de passagem, antes que nos esqueçamos, foi um dos melhores lugares que nós acampamos... vocês irão ver...
Enquanto o local era arrumado pelo pessoal do Cabelo, trocamos de roupa e fomos turismar... pegamos a esquerda para São José do Egito/Pe. No caminho fomos até embaixo da ponte para ver um pouco do rio que ainda resta... ("Foi um rio que passou em minha vida...")

São José do Egito, cognominada cidade da poesia e que tem no seu portal o contorno de um violão. Recebeu esse nome devido a construção da primeira capela ser em homenagem a São José... agora, porquê do Egito... só Deus sabe! Nada disso, após especulações e pesquisas internéticas chegamos a uma suposta explicação: a história de José do Egito, retratada na Bíblia, na qual José, um israelita, entra no Egito como escravo e, após decifrar o sonho profético do faraó hicso, é elevado ao cargo de governador do Egito. Aha... aha... aha...


Nada mais a ser visto retornamos mais uma vez para a praça pra passar o tempo e rebater o calor. O movimento ainda era de arrumação, de dar as boas vindas a amigos que chegavam e de fazer a inscrição do aniversário do No Limit, evento paralelo no mesmo local do Sem Fronteira Moto Fest 2010.



Voltamos ao nosso acompamento e surpresa!!!! Mais irmãos motociclistas já haviam chegado e se abancado. Uma verdadeira lição de compartilhamento! Os nossos "vizinhos" eram os integrantes do Tartaturas do Asfalto/Pe. Gente muita boa, de grande simpatia e de uma alegria contagiante. Resolvemos descansar um pouco até dar a hora de voltar pro evento... E seu Rogerinho que já gosta de fazer uma graça... rsrsrs

Quando voltamos à noite para a praça já haviam muitas bandeiras, inclusive a nossa, ocupando lugar no alto. O local ficou foi bonito, viu? E os nossos amigos iam chegando e nós registrando tudo!!!







Estávamos cansados da viagem e cedo voltamos para o nosso ninho... rsrsr... pensar em ninho é pensar em aconchego, em acolhimento, em carinho... e não há outra palavra para adjetivar o que o pessoal do No Limit, na figura de João Cabelo, fez por nós... foi uma verdadeira lição de solidariedade, companheirismo e amizade. Eles não só arrumaram o local do acampamento como também a alimentação... café da manhã, almoço e jantar... né brinquedo não! Um exemplo a ser seguido. E mais: compartilhado pelo próprio João Cabelo e sua namorada, uma graça de pessoa, que todo o tempo se desdobrou em simpatia conosco, além da senhora responsável pela nossa alimentação... Parabéns No Limit!!!


Sábado (27-3-10), e uma pergunta nos toca: o quê fazer??? Pensa daqui... cogita de lá... e nada! Simplesmente não havia turismo a ser feito... e quando isso acontece o que fazemos é explorar a região e entrar na primeira estrada de barro que surgir... as vezes não dá em nada... rsrsr... mas sempre vale à pena! Decididos a explorar os arredores e já saíamos quando Cabelo nos interceptou e sugeriu que fossemos até a Vila do Cajueiro, local de sua residência, distante 18 km de Tuparetama... sem opção, resolvemos acatar a sugestão do nosso amigo. Na área externa da creche outros já se ajeitavam também...

No caminho uma cena um tanto quanto triste: um gambá morto na estrada, provavelmente fora atropelado... quem invadiu o espaço de quem? Coisas do progresso...

A entrada para a Vila do Cajueiro é a 10 km. A placa não deixava dúvidas que estávamos indo para o lugar certo... uma placa curiosa...

Pegamos a estrada de barro e seguimos... ô, ô... uma boiada no caminho... para, para, para! Paramos todos, nós e os bois e as vacas... rsrsr... além disso ainda tinham uns danados de uns marimbondos que insistiam em nos atacar... e ainda mais, o capacete de Carmen caiu e quebrou a viseira... resultado: preju!!!



Seguimos caminho. A Vila do Cajueiro fica após uma "passagem molhada", nome que dão quando a estrada intercepta um rio. Perceberam que a gente já gosta de fotografar bichos... é porque eles fazem do cenário algo bem matural... como a jega prenha... parada, imóvel... para que servia aquela pedra próximo a ela...?? Hum... que maldade... rsrsr



Na Vila do Cajueiro é onde o João cabelo se esconde... é o seu reduto... local de seu ateliê, onde ele cria suas roupas de couro e também uma sede particular.

A "passagem molhada" nos proporcionou fotos pitorescas... dessa vez Rogério não conseguiu fazer a pose do equilíbrio... ficou só na tentativa... mesmo assim valeu!

Seguimos estrada... passamos por um trator aplainando a terra, cogitamos que alguém importante deveria morar por lá... seria o nosso amigo Joao Cabelo??? Até poderia... rsrsr... ledo engano... na verdade, ficamos sabendo mais tarde, que haveria uma inauguração no distrito de Santa Rita, para aonde estávamos indo...


Já ouviu falar em dedo-do-cão ou graveto-do-cão... não? É uma planta de galhos formados por "dedinhos-verdes", de propriedade tóxica, daí o seu nome. Ela é perigosa, dá um ardor, queima como fogo... ela produz um leite que é o princípio ativo de cicatrizantes de verrugas, dentre outras funções. Carmen já teve uma conjuntivite química por ter manipulado essa planta, quando colocou esse leite numa verruga na sua mão... horas depois ela coçou o olho e aí já viu né?
Rogério quis experimentar e colocou um pouco na língua... pode??? Ficou com a língua queimando... ninguém merece!!! Coisas de Rogeriofafa!!!


Continuamos e fotografamos no açude e nos mandacarus... tinha um bode preso e lá se vai Carmen atentar o bode... ele não gostou muito e deu a fazer bolinhas... ("meu cabriiiiiito não berra, meu cabriiiito não berra, ele só faz bolinhas...")



Acabamos o passeio e retornamos a Tuparetama... uma curiosidade local: farmácia é posto de medicamentos.

De volta e direto para o evento. Teve churrasco 0800, encontramos mais amigos, deixamos marcas, registramos tudo e recebemos o troféu.



Todo mundo sabe que João Cabelo confecciona roupas em couro. Sabendo disso, aproveitamos a oportunidade e a proximidade para comprar um para Rogério e encomendar um personalizado para Carmen.

Noite de sábado, depois de descansarmos do passeio, fomos até o evento que estava supermovimentado, muitas motos, muitas bandeiras, muita gente... pura diversão... e a noite estava apenas começando.





Até na hora de lancharmos a gente brinca... a alegria de estarmos juntos e em companhia amigas e agradáveis nos deixa assim, meio bobos... e é tudo muito bom! ("Tô de bem com a vida...Tô de vento em popa... feliz pra burro... assim com o mundo...")



E tiramos a bandeira. E olha só quanta gente fotografou com ela? Disseminamos a nossa alegria, a nossa liberdade... Vírus neles!!!!!



Continuando a brincadeira... inventamos um ritual, a dobradura da bandeira... uma honra para Paulo Barros. Te mete!!!!


Hora de voltar pra casa. Domingo, 28-3-10, moto arrumada... e é um tal de estica e puxa... rsrs ("e todo mundo pega, estica e puxa...")... e também é hora de despedidas e agradecimentos pelos dias que passamos juntos e tão bem acolhidos.


Já na estrada, no entroncamento da estrada para Paulo Afonso paramos para tomar um café, admirar os chapéus de couro expostos na vitrine, abastecer e conhecer o Zé Pulga... um cachorro simpático mas tava numa coceira e tanto! rsrs



Voltando pela estrada de Inajá não poderíamos deixar de registrar esse cenário maravilhoso... o encanto é tão grande que passamos a nos comportar como... como... crianças? loucos? bobos? Qualquer uma das alternativas está correta! kakaka... ("Vejam essa maravilha de cenário. É um episódio relicário...")





Olha nós aqui outra vez!!! Dessa vez para agradecer a boa viagem!

Apesar da chuva, relâmpagos e raios na ida, apesar da distância, tudo foi superado pela forma como fomos recebidos pelos nossos amigo-irmãos pernambucanos, pelo movimentado Sem Fronteiras Motofest, pelo acolhimento incansavelmente agradecido. Voltamos mesmo agradecidos. Voltamos com dois troféus e um boné: do encontro e no aniversário do No Limit. Voltamos convictos de que é possível fazer uma festa com alegria, integração, calor humano e sem demagogia. Parabéns!!!