terça-feira, 27 de agosto de 2013

MAIRI/BA - 2 a 4/8/13

Sempre ficamos a nos perguntar, como vamos iniciar o diário de bordo? O que nos trouxe de inspiração essa ou aquela viagem? A dúvida sempre fica vagando por nossa mente, até que vem um estalo! Uma foto, uma frase, uma música... Dessa vez não foi diferente e não será a última... rsrs, mas, certamente, duas palavras veem á nossa mente quando pensamos na viagem à Mairi/BA: estrada e surpresa... As duas se combinam, se rimam, são concorrentes, estão sempre juntas na vida do estradeiro. E foi mesmo na estrada que tivemos a primeira surpresa da viagem quando percebemos uma moto parada no acostamento e resolvemos parar para ver se precisavam de ajuda. O casal era argentino, da cidade de Santa Fé e estavam subindo para o Amapá e estavam apenas comendo banana. Trocamos algumas palavras arrastando um portunhol, o suficiente para nos identificarmos como "viejitos moteros", traduzindo: viajantes de motos ou estradeiros e, nesse momento, éramos nós cinco: Rogério, Carmen, Fávio, Rene e Patricia!
Após as despedidas, uma boa estrada pela frente e mais uma surpresa: um trecho de uns 35 km completamente esburacado entre Capim Grosso e Mairi. Parecia mesmo o solo lunar... rsrsr, mas nada que motos poderosas não fossem capazes de superá-la. No meio do percurso, um motociclista de Mairi, Renavan, meio que nos "guiou" e alertou sobre a buraqueira. Não fossem os buracos poderíamos ter apreciado mais a paisagem e até mesmo o Monte Alegre que de longe já avistamos.
Ao chegarmos em Mairi fomos direto para a praça de evento. Não era a primeira vez que íamos à cidade, por isso já sabíamos onde era o evento. De cara gostamos do portal de entrada do evento, um grande painel amarelo convidando para o 4º Moto Fest de Mairi. É tão gostoso passar por esses portais nos encontros, nos sentimos um pouco crianças, um pouco artistas. Alguns amigos já nos aguardavam, outros chegavam e quem já estava lá nos recebeu calorosamente. Uma recepção assim nos deixa muito à vontade, o motociclista se sente bem vindo, se sente em casa e lá em Mairi o pessoal da organização, em especial Clézio, Serjane e Maurício, fizeram a lição de casa direitinho e nos deram aquele abraço de boas vindas!
 A noite fria de Mairi é um convite para sempre ficar agarrado a alguém... rsrsr. Mas dessa vez o frio nem estava tão forte, que pena!!! No lugar do frio o que tinha muito era calor da amizade dos diversos amigos que encontramos, amigos que estávamos com saudades, amigos que não víamos há algum tempo ou mesmo que vemos sempre, mas que sempre adoramos estar juntos, amigos que se abraçam, amigos que nos surpreendem com suas histórias de viagens, amigos que quando se juntam é sinônimo de alegria.
Nossa moradia temporária foi numa pequena escola, pequena mesmo, nem imaginamos como podem acontecer aulas em salas tão pequenas na largura e altura..., essa é a educação brasileira! Enfim, é na escola que aprendemos desde cedo alguns princípios que norteiam nossas atitudes para a vida toda e esse ensino devia ser mais do que valorizado e cuidado.
Sábado, como já sabem, é dia de passear. O dia nublado, uns respingos de chuva aqui e ali nos deixavam em dúvida do que fazer primeiro. Resolvemos tomar um café e a Churrascaria Boi na Brasa é boa de café, almoço e jantar e com um atendimento muito simpático, podem conferir!
Chuva vai, chuva vem e resolvemos ir à feira e quer saber? Todo mundo vai à feira no dia de sábado, inclusive os motociclistas visitantes, ver as curiosidades do interior, relembrar sabores da infância e se divertir.
Da feira à praça e começamos a ver o movimento de motocicletas que chegavam e aumentavam o colorido da festa. Muitos amigos foram chegando e iam se dispersando pela praça até que ao chamado do chefe Clézio, fomos convidados para o mais que esperado churrasco 0800.

Não sabemos em outras cidades, em outras regiões, mas  no Nordeste não ter um 0800 num encontro motociclístico é quase um sacrilégio. Não pela comida em si, afinal não somos um bando de esfomeados... rsrsr, mas é pelo que esse momento simboliza, uma forma de interação que fortalece a irmandade. Aprendemos, tradicionalmente, que era ao redor da mesa que as famílias se encontravam, trocavam suas ideias, comentavam o seu dia. É exatamente assim que acontece, de mesa em mesa, na fila do churrasco, no bate papo depois da barriga cheia, nas brincadeiras e nas diversas fotos que incansavelmente fazemos. Tudo de forma muito bem organizada, saborosa e divertida, tudo pra uma grande família.

O dia já estava na metade e ainda faltava fazer o "passeio de sempre" em Mairi: a Capela de Santa Cruz do Monte Alegre, aquela que ao longe na chegada a cidade já avistávamos. Seguimos nós, João e Maria, Alex e Dea pra enfrentar àquela bendita subida. Por sorte a estrada estava ótima, o barro não estava molhado e fomos na maior tranquilidade até a base do Monte Alegre. Acreditamos que esse nome dá-se a alegria de ao chegar ao topo ter a satisfação de ter conseguido chegar após uma subida de "matar". Mais uma vez nos demos conta de ter esquecido de levar uma garrafinha de água... aff! Bem, ar nos pulmões e começamos a subida, uma subida com três níveis de dificuldades pra três casais com muita disposição, mas pouca condição física, sem falar em Dea que estava com o joelho machucado. Destemidos, os intrépidos estradeiros iniciaram a subida, o sol não estava forte o que foi bom, diminuiu a sensação de "desespero"... rsrsr. Paradas são obrigatórias para recuperar o fôlego, se desfazer de pesos (bolsas e coletes) e entregar aos fortes maridos e continuar a subida. A medida que subíamos e olhávamos pra baixo, ficávamos na dúvida se continuávamos pra cima ou para baixo, mas é claro que era apenas uma dúvida passageira. Rogério pegou a dianteira e era o grande incentivador de Carmen, João e Maria estavam determinados a completarem o percurso e não admitiam desistência e na retaguarda vinham Alex e Dea, devagarzinho, mas subindo... Ao final, retirando o último arzinho dos pulmões, nos arrastando pelos últimos degraus e nos escorando nas imensas pedras chegamos felizes ao alto do Monte Alegre para visitar a Capela de Santa Cruz. A sensação de plenitude, a visão panorâmica da região, a brisa fria e o vento que refresca nosso calor são recompensadores e nos permite momentos de contemplação. Encontramos uma triste surpresa no interior da capela. Vândalos, desumanos, destruíram o altar, derrubaram as prateleiras, quebraram as telhas, deixaram um rastro de destruição na pequena capela.

Ao voltarmos para a praça o movimento havia duplicado e a pequena Mairi se rendia às motocicletas e os populares presenciavam admirados aqueles seres vestidos em macacões, roupas pretas, de couro, com coletes enfeitados e que chegavam em penca. Tudo muito bonito de se ver! 

De noite a festa continuou com muitas bandas locais que se esmeravam em animar a galera dançante em frente ao palco. Muitos brindes e agradecimentos deram o tom da animação e emoção dos organizadores. A festa seguiu durante toda a noite até a madrugada garantindo a disposição dos que seguiram junto com as bandas.
Estávamos convictos do sucesso da festa. Na manhã de domingo seguimos para o café da manhã, aliás, um maravilhoso café da manhã. Maravilhoso no primor e cuidado em oferecer a refeição matinal, maravilhoso por oferecer deliciosos sabores, maravilhoso por mais uma oportunidade de confraternizar como uma grande irmandade. É assim que se faz, foi assim que se fez!
O 4º Moto Fest de Mairi foi mesmo surpreendente, do início ao fim... A atenção dos organizadores, o esmero em proporcionar uma festa "de motociclista para motociclista". A surpresa superou as expectativas e alegrou a todos que aceitaram ao convite. Clézio, Serjane, Maurício e todos os que contribuíram para essa grande festa estão de parabéns.  Seguimos a viagem, mas as surpresas da estrada não nos deixaram... Próximo a Capim Grosso a moto de João descarregou a bateria, nada que uma chupeta, de Flávio, não resolvesse o problema. Um pouco mais adiante, em Tanquinho, a moto de Flávio deu pane seca, nada que um pouco da gasolina das Ténéré's não dessem jeito. E ficou por aí!!!! kakakak. Chegamos sem mais surpresas, com expectativas superadas, problemas resolvidos e a certeza de que a estrada é o nosso caminho.