quarta-feira, 28 de março de 2012

LENÇÓIS/BA - 23 a 25/3/12

Sexta-feira estava chegando e a perspectiva de viagem estava ficando remota. Um final de semana sem encontros motociclísticos próximos fez a nossa imaginação flutuar e viajamos na ideia de ir até Lençóis/BA. A cutucada deu certo e rapidinho ajeitamos tudo e colocamos a Azuleica na estrada.

Intencionalmente, até pelo horário, pernoitamos em Itaberaba/BA. Intencionalmente porque em Itaberaba, na Pierina, saboreamos anos atrás, e isso repetimos sempre, uma das mais deliciosas pizzas da nossa preferidíssima marguerita.


De Itaberaba para Lençóis faltavam uns 140 km, direto pela BR 242. Após um animado e delicioso café seguimos viagem a caminho da Chapada Diamantina.


Já no meio do caminho percebemos um pouco da vegetação predominante do semiárido, uma mistura de grandes pedras, cerrado e alguns vales.

A descida de 12 km para Lençóis surpreende pela boa condição e sinalização da estrada. Com uma leve brisa fria a cidade de Lençóis de recebe de braços abertos. Lençóis é um pedaço do Parque Nacional da Chapada Diamantina que se distribui pelos municípios de Mucugê, Palmeiras, Itaetê e Ibicoara.

A cidade oferece uma gama de pousadas, hotéis e camping de todos os gostos e bolsos. Ficamos na Pousada Veleiro, da simpática Zete que nos deu as informações básicas para um passeio de final de semana. Tombada como patrimônio, a charmosa cidade guarda nas suas ruas calçadas por pedras e nos casarios uma história do século XIX, do ciclo de diamantes, como as Praças Horácio de Matos, das Nagôs e a do Coreto que em dias de muita agitação se tornam pontos de encontros e festas.



Bem, com o tempo curto fizemos a opção por dois passeios: o Morro do Pai Inácio e o Serrano. Começamos pelo Morro que fica fora da cidade, às margens da BR 242, nas terras do município de Palmeiras. Juntamente com o Camelo e o Morrão, o Morro do pai Inácio é um cartão postal.


Subimos de moto até o pé do morro mas a partir dali teríamos que contar mesmo era com nossas não tão dispostas pernas... rsrs. Recepcionados por guias que informam e podem acompanhar grupos, os visitantes se sentem bem acolhidos e são convidados a contribuir financeiramente para a preservação do local. Logo na subida uma engraçada curiosidade são duas pedras com pontos coloridos que são chicletes deixados pelos apreciadores da natureza pela subida do morro.



Uma vez lá o jeito era subir e foram acerca de 400m de trilha... afff! A subida é caprichada entre as pedras e basta ter disposição para se esgueirar por entre elas para ver descortinar a frente dos seus olhos um cenário panorâmico de grande beleza convidando à contemplação.



O Morro do Pai Inácio recebe esse nome a partir da lenda do escravo que fugiu para o alto do morro e sendo encurralado se viu obrigado a saltar do alto com o guarda chuva aberto...



Fazendo um giro de 360 graus o morro oferece uma vista espetacular a 1120 m de altitude ! Além desse presente o morro guarda entre suas fendas e nas suas pedras espécies vegetais de grande beleza.




Como pra descer todo santo ajuda, depois da contemplação, descemos rapidamente e retornamos a Lençóis para almoçar. O Bar do Jenipapo com estrutura pitoresca lembrando as casas de taipa tão comuns no sertão oferece uma comida caseira bem gostosa e saboreamos um surpreendente e delicioso cortadinho de palma (um gosto semelhante ao quiabo). O proprietário, Seu Edevaldo, bom de prosa conhece tudo da região e dá dicas de bons passeios.


À tarde reservamos para conhecer o Serrano, um antigo garimpo formado de pedras coloridas por onde desce corredeiras de água em épocas de cheia quando se transforma em uma escorregadeira natural. Do alto do Serrano é possível ver a pequena Lençóis.



A pouca água que desce nessa época forma piscinas naturais e grutas. As piscinas são um convite e tanto para um relaxante banho.



A noite de Lençóis costuma ser agitada na alta estação, mas em baixa dá para passear tranquilamente pelo Mercado Central, sentar ao ar livre e comer delícias da culinária baiana.



Nos despedimos de Lençóis, logo cedo, na manhã de domingo. Retornamos por Itaberaba e resolvemos mudar um pouco o caminho e seguuimos por Iaçu que, curiosamente, exibe na passagem pelo Rio Paraguaçu três pontes. A mais nova, recem inaugurada, foi construída entre a velha ponte de ferro e madeira e a antiga ponte ferroviária caída. As pontes são belas, as vezes fragéis, de épocas diferentes, prestam a mesma função de ligar, de transportar, de dar passagem, de conduzir..., como são nossas relações, amizades, irmandandes.


("... A ponte não é de concreto, não é de ferro. Não é de cimento. A ponte é até onde vai o meu pensamento. A ponte não é para ir nem pra voltar. A ponte é somente pra atravessar. Caminhar sobre as águas desse momento. A ponte nem tem que sair do lugar. Aponte pra onde quiser. A ponte é o abraço do braço do mar. Com a mão da maré. A ponte não é para ir nem pra voltar. A ponte é somente pra atravessar. Caminhar sobre as águas desse momento..." A Ponte - Lenine).