terça-feira, 28 de junho de 2011

PIRAPORA/MG - 23 A 26/06/11

Um encontro de motociclistas para nós é a "desculpa" para direcionar nossas viagens, vamos aonde o nosso povo está... Assim, a direção escolhida foi Eusébio/CE. Bagagem pronta, moto arrumada, tudo pronto. Mas, quis o destino que tudo mudasse, pois na última hora o evento foi cancelado. Sem desanimo, pesquisamos e vimos um evento em Pirapora/MG. Quis o destino que a gente mudasse o rumo. Acordamos muito cedo para fazer a travessia para a Ilha de Itaparica/BA e encurtar o caminho. Quando amanheceu já estávamos na estrada.

A BR 116, agora pedagiada, estava uma beleza e até então a viagem estava tranquila com pouco trânsito e com quase nenhum acidente.

Por sorte era um feriadão e nos demos ao luxo e a loucura de empreender uma viagem mais longa. O Google Mapas informava que eram 1.100 km, vimos que não foi bem assim, foi um pouco menos... De qualquer sorte a viagem foi longa mesmo. Paramos na última cidade baiana, Cândido Sales/BA, na divisa com Minas e foi aí que nos demos conta do frio que iríamos enfrentar, pois quando mudamos o rumo não mudamos a bagagem que estava arrumada para o calor nordestino...

Já na BR 251, o trânsito começou a ficar mais lento com o tráfego de veículos pesados dificultando as ultrapassagens. No trecho que pegamos a rodovia era um verdadeiro tapetão, nenhum buraco e boa sinalização. Cada vez que avançávamos em terras mineiras o frio aumentava mais, aliás, a paisagem nesse percurso nos trouxe quase nenhuma bela visão.



Após umas doze horas de viagem, já no início da noite, chegamos em Pirapora/MG. ("Sou caipira Pirapora, Nossa Senhora de Aparecida..."). Ao chegar na área de camping tomamos um susto com a quantidade imensa de barracas armadas e foi até difícil arrumar um lugarzinho ao sol... rsrsr, e até então não havíamos dado conta da beleza do lugar. Depois de um bom banho, fomos ver de perto o XI Encontro Nacional de Motociclistas, que já havia começado na noite anterior de quinta-feira, 22/6/11. Andamos um pouco, comemos, encontramos com amigos dos Solitários do Asfalto/MG e Os Detonadores/PR.


Cansados e com frio resolvemos voltar pra barraca achando que lá estaríamos mais protegidos. Estaríamos se não fosse a bagagem nordestina... Foi um sufoco e o jeito foi dormir todo de couro, ninguém merece!!!!

Mas como tudo na vida tem uma compensação apesar do frio, a nossa foi ao acordar nos depararmos com uma das mais belas visões do Rio São Francisco e foi aí que nos demos conta do local, de que estávamos acampados na orla, à margem do nosso querido Velho Chico, no começo de sua viagem para o mar... “Deus ajuda a quem cedo madruga” e tivemos de brinde um nascer do sol de encher os olhos, dourando as águas do rio.




Lá pelas 9h00 o sol resolveu dar o ar da sua graça e o dia, enfim, esquentou e nós saímos a passear. Na padaria tomamos um café e comemos pão de queijo, daqueles que só mesmo em Minas... Hummmmm!!!
A maior atração de Pirapora/MG é o Vapor Benjamim Guimarães, o único vapor do mundo movido à lenha. A histórica embarcação a vapor, que aos 98 anos de navegação fluvial já viajou até pelo Rio Mississipi, nos Estados Unidos, realiza passeios pelo Rio São Francisco passando por casas ribeirinhas, por R$ 30,00, por pessoa.




Não menos atrativa, a Ponte Marechal Hermes que liga Pirapora/MG a Buritizeiro/MG também tem seu charme. Construída para fazer o transporte ferroviário no século passado entre as duas cidades hoje só faz travessia de pessoas e de veículos de duas rodas... aha! Numa perfeita harmonia com a natureza a travessia nos propicia ver de cima as belas águas verdes do Velho Chico.



Do outro lado da ponte e mais no alto, a cidade de Buritizeiro/MG oferece uma bela visão do Rio São Francisco e de Pirapora/MG.


Ainda era cedo e, para não desacostumar, Rogério resolveu trocar o óleo da Pretusca e ele fez direitinho, não sujou nadica de nada.


Depois da labuta, sol quente, corpo suado, um rio a nossa espera, a chamar por nós... Inevitável não se deixar envolver por aquelas águas e infinitamente agradecer ao criador...




Na padaria, no café da manhã, nos deram a dica de comer um peixe em Buritizeiro/MG. De novo atravessamos a ponte e chegamos na Toca do Peixe, um atendimento singular lhe deixa a vontade e ainda nos desfrutamos com a bela vista.

Ao final da tarde, mais um show divino se descortina "à nossa janela", um mais-do-que lindo pôr do sol. Não precisamos ser poetas, nem românticos, basta sermos apaixonados pela vida para sentir a emoção diante de tanta beleza, mas se formos ou se somos, tudo fica muito mais bonito...

À noite cumprimos a programação do evento e fomos para a praça. Bandas de puro rock se revezavam no palco, os stands cheios de curiosos, compradores e visitantes, os bares, restaurantes e barracas abarrotadas, para onde se olhasse só se viam motociclistas e motos. Teve um padre rezando no palco para os motociclistas e abençoando com água benta nós e as motos. Nos apresentamos a alguns companheiros, trocamos adesivos, fizemos amizades, reencontramos amigos.







Mais uma noite de intenso frio e decidimos ir embora. Ao amanhecer nos surpreendemos com mais barracas sendo armadas, mais motociclistas chegando, uma grande demonstração de diversidade. Moto clubes armam tendas equipadas com churrasqueiras e som potente fazem um evento paralelo ao Encontro. Ao redor das tendas barracas se avolumam numa crescente forma de interação.



Ao sairmos de Pirapora/MG entramos em Barra de Guaicuí, no município de Várzea da Palma, a 22 km. O maior atrativo desta localidade é a Igreja de Pedra, uma construção secular que tem como curiosidade uma gameleira que cresceu no alto e estendeu suas raízes pelas paredes. A igreja fica à margem do Rio das Velhas. Muitos outros motociclistas visitavam o local e, não sabemos por que, o que notamos é que na parte interior as pessoas ficavam em silêncio como a reverenciar a história daquele lugar.





O trânsito de caminhões pesados deixa a viagem um pouco lenta, mas não chega a atrapalhar. Como saímos mais cedo do que o previsto dividimos a volta em dois dias e dormimos em Cândido Sales/BA.

De manhã cedo seguimos para Salvador/BA e o que nos esperava era uma imensa fila do ferry e, para piorar, um tumultuado embarque causado por um condutor que insistia em embarcar em um espaço que não cabia mais ninguém. Por fim, resolveram levantar a rampa de acesso, ele ficou e o ferry pode seguir o seu rumo nos levando de volta pra casa.



Foi uma viagem de mudança de rumo e de grandes surpresas. O destino lançou mão de suas artimanhas para nos proporcionar emoções ímpares. O que fizemos foi aproveitar cada momento, cada pedacinho de chão de estradas que passamos, cada lugar e pessoas que conhecemos. Ah, a Azuleica não foi embora, continuará não sei por quanto tempo a dividir o espaço e as estradas com Pretusca, Carmen e Rogério... ("Como será amanhã? Responda quem puder O que irá me acontecer? O meu destino será como Deus quiser... Como será?...").