terça-feira, 5 de junho de 2012

IRECÊ/BA - 01 A 03/6/12

Irecê/BA, em indígena "a mercê da corrente", tipo deixa a vida me levar..., e foi de acordo com os acontecimentos que fizemos essa viagem com alguns imprevistos e surpresas. Primeiro, logo no começo da viagem, a moto de Ferreira deu piti. Mexe daqui, olha de lá e a caixa de fusível estava com folga..., uma apertadinha e problema resolvido.

A cidade de Irecê fica a uma distância de uns 470 km de Salvador/BA. Depois de passar por Feira de Santana pegamos a quase toda retílinea estrada do feijão. Em Ipirá/BA, paramos para um cafezinho e encontramos com outros motociclistas, dentre eles, Marcelo/Cachorro Louco, Zé Luiz/Independentes e Odílio/Papa Estradas. Seguimos até a entrada para Mairi/BA e encontramos com Clézio e Serjane/Amantes do Motociclismo.


Boa estrada, tapetão que se estende em uma grande reta com poucas curvas... dá um soninho essa estrada do feijão. Foi numa dessas curvas que a Kavazaki preta de Zé Luiz deitou no chão e foi parar no barro do acostamento. Depois de resgatarmos quase ileso o nosso amigo e a sua motoca, conseguimos uma carona-reboque para ambos.


Segundo imprevisto resolvido e fomos para a nossa primeira surpresa. Clézio, sabendo que somos achadeiros, antes de seguirmos para Irecê, nos deu um presente..., nos meteu por uma estrada de barro para a localidade de Jequitibá, município de Mundo Novo. A surpresa nos veio aos olhos após uns 15 km de poeira, um grande casarão, no meio do nada, erguido em 1939 afim de dar um apoio aos sertanejos daquela região.


O lugar respira puro silêncio, religiosidade e disciplina. Com muita simpatia e cordialidade o Padre Medrado nos contou um pouco da história do lugar e nos levou a conhecer o museu. Além de seminário o local também recebe hóspedes que desejam desfrutar do recolhimento, de um retiro espiritual. O silêncio é ensurdecedor, mas vale a pena conferir pela beleza da arquitetura e dos achados guardados no museu e pelo apelo à meditação e reflexão.

Com a alma um pouco leve, a fome chegou mais rápido... rsrsr, seguimos juntos até o povoado de Porto Feliz, pertencente a Piritiba/BA e encontramos com Ruiter (presidente da AMO-BA), Elna e Rodrigo.


Depois, com o corpo um pouco mais pesado... rsrs, Clézio nos deu outro presente. Faltando uns 18 km para chegar em Morro do Chapéu, uma entrada de pedra e barro à direita, uma placa indica Cachoeira do Ferro Doido. A uma altura de 118 m a água cai entre formações rochosas, que parecem escadas até chegar em um cannyon. Em época de estio o Rio Jacuípe deixa de mandar água e esse espetáculo não é possível de ser visto..., mas de igual beleza o cenário nos brinda com uma paisagem cinematográfica de encher a boca, deixar os olhos vibrantes e a imaginação voar solto. É indescritível a emoção de estar naquele lugar em plena região do agreste.



Adicionar imagemMais uns 85 km, chegamos em Irecê e deixamos pra trás o gratificante cenário da Cachoeira do Ferro Doido. Na entrada da cidade a tenda da recepção do I Forrock de Irecê já estava montada e recebendo os seus mais ilustres visitantes, os motociclistas é claro.

No sertão é assim: se de dia o sol esquenta, à noite a lua te refresca. No evento fizemos a inscrição, recebemos o troféu, encontramos amigos, tiramos fotos, brincamos no parque e, com o frescor da noite arrepiando a pele, não demorou muito para voltarmos para a nossa barraca e esquentar os pés a dois.


No camping, de manhã, é hora da resenha da noite anterior e do que estava por vir e que não veio. Vamos explicar, por desacerto do fornecedor o café da manhã que estava programado para acontecer, não aconteceu e, segundo soubemos mais tarde, teria sido adiado para a manhã de domingo. Enquanto isso, convidamos nossos amigos a nos acompanhar a um outro passeio, mas ninguém se habilitou. Fomos sós, como de costume "achar o Brasil" que vemos em notícias, revistas e livros. Fomos para Xique-Xique.


A estrada do feijão é bem longa, são acerca de 459 km do entroncamento da BR 116 a Xique-Xique cortando uma parte da chapada diamantina até o São Francisco. O gostoso de fazer os nossos passeios é encontrar a cultura regional e em época de festejos juninos, as festas explodem todo final de semana.

Se perguntar a qualquer um pra que lado fica Xique-Xique a resposta, em tom jocoso, é sempre a mesma: segue esse retão e depois da segunda curva você chega lá. No mínimo isso é curioso e ao mesmo tempo engraçado. Depois de 110 km de reta, margeada por uma vegetação cinza e chão árido, chegamos a cidade e, de fato, no seu final duas curvas e você recebe as boas vindas.

Na praça, além da Igreja Matriz, tem um grande crucifixo com uma imagem de Jesus e do outro lado uma caldeira inglesa, que fazia gerar energia em 1936.


Xique-Xique é mais uma cidade ribeirinha do Velho Chico, mas ao contrário das que já conhecemos é o lugar em que vimos o Velho Chico mais maltratado. Pra piorar o cenário a água barrenta e o baixo nível de água associados a falta de limpeza da beira do rio, nos deixaram decepcionados em ver o rio que dá o alimento ser tão desprezado...


Seguimos para o povoado de Nova Iguira. Lá o rio estava um pouco mais agradável, pelo menos não havia sujeira na sua beira. Em uma conversa despretensiosa com um morador local (esquecemos de perguntar o nome) descobrimos que ali, além do alimento o rio é bombeado 24 horas para abastecer o lugar. Ele, que também é o cuidador da bomba, nem pensa em sair dali, porque ali ele tem tudo de que precisa e pode andar sem medo pelas ruas. Sabido!

Na volta, pela estrada de barro, as plantações de cebola e pimentão nos chamaram a atenção e paramos para fotografar, nos pareceu um oásis. Em meio a plantação, com o calor assolando a sombra do juazeiro é providencial...



De volta a Irecê a famosa feijoada 0800 já estava sendo servida e a adesão foi bem grande. Encontramos com alguns amigos: Marcos, de Itaberaba/BA; Robson, de Salvador/BA; Cleber, de Alagoinhas/BA; Celestino, de Feira de Santana/BA, além de Ruiter, Marcelo, Ferreira e Alda.



A noite o evento bombou. Encontramos mais amigos e até ensaiamos um forrozinho. Durante toda a noite os dois palcos na arena do evento disputavam o gosto da galera. A mistura de forró e rock parece ter agradado a todos.



Além das atrações musicais, houve sorteio de brindes, homenagens da AMO-BA a motociclistas locais e um motociclista neo-zelândes que estava de moto por essas bandas de cá... que viagem!



Pela manhã, arrumamos as bagagens e voltamos até a área do evento para pegar a bandeira de Clézio. Ali, no meio daquele local vazio, de final de festa, tivemos dois sentimentos, um de consternação pela saudade da nossa bandeira "levada" em Lagarto/SE e outra de constatação de quanto lixo produzimos!

O frio na descida pra casa, nas imediações de Porto Feliz nos fez parar para esquentar as mãos e passar um pouco o frio. Que grande contradição em pleno semiárido baiano. Em Mairi, nos despedimos de Clézio e Serjane e agradecemos o presente que nos deram para a nossa caixinha de lembranças: o Mosteiro de Jequitibá e a Cachoeira do Ferro Doido. Ainda bem que os imprevistos ficaram no início da viagem e que as surpresas foram gratificantes.

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