AFOGADOS DA INGAZEIRA - 22 A 24/01/10

Viagem longa... ultrapassamos fronteiras estaduais... destino??? Afogados da Ingazeira município pernambucano, acerca de 786 km de Salvador, passando por Paulo Afonso, Floresta e Serra Talhada... Afogados da Ingazeira, cidade de nome intrigante (nos faz lembrar nome de escola de samba... rsrs), situada ao norte de Pernanbuco foi sede do IX Encontro de Motociclistas do Sertão do Alto Pajeú.
Saímos na sexta-feira, 22/01, ainda com céu escuro e um pouco de chuva... ("Todo dia quando eu pego a estrada, quase sempre é madrugada...").
Não fosse a insegurança que a escuridão dá a viagem a noite seria mais tranquila principalmente pelo pouquíssimo fluxo de veículos e pelo clima agradável... Já na BR 101, por volta das 4h00, aos poucos vimos o dia amanhecer e as cidades ao longo da estrada despertando para mais um dia que só se tornou claro quando já pegávamos a BR 110, entre Alagoinhas e Inhambupe.
Mais a frente, depois de Olindina, uma paradinha quase obrigatória: o Morro de São José, nas imediações da cidade de Nova Soure. Deixamos nossa primeira fitinha do ano, ainda da leva de Padre Cícero, de Juazeiro do Norte/Pe.
Paramos em Cícero Dantas, cidade do nosso amigo Morcegão, para tomar um cafezinho básico e poder seguir viagem...
Outra paradinha... e essa é de verdade obrigatória: a Serra do Umbuzeiro, vista do Povoado de Riacho, em Paulo Afonso... Temos uma atração por essa serra... quem sabe um dia iremos explorá-la... hum! Vai dar uma estória e tanto!!!!
Ao sairmos das imediações de Paulo Afonso, cruzamos duas fronteiras: Bahia/Alagoas e Alagoas/Pernambuco num estalar de dedos... 45 km e entramos e saímos por entre dois estados... é fantástico!!! Plim, Plim!
Bom... a idéia não era ir direto para Afogados... rsrsr... é claro que encompridamos a viagem para um passeio extra: Serra Talhada... um passeio rápido, já passava das 13h e a fome apertava... rsrsr. Daí que resolvemos subir a serra que dá nome a cidade, isso porque ela parece ter sido talhada mesmo, para lá do alto ter mais uma visão panorâmica das muitas que já vimos e que ainda veremos por esse mundão afora... A subida é íngreme, inicia de barro e depois é calçada por paralelepípedos.
Mas não conseguimos chegar até a ponta porque havia um portão aberto e pessoas que pareciam estar fazendo manutenção na antena e ficamos com receio de ficarmos presos... rsrsrs... mas pudemos ter uma vista maravilhosa do Açude do Saco, que segundo os ribeirinhos, abastece a cidade. Serra Talhada oferece diversos lugares para visitação e turismo... mas vai ficar para outras oportunidades... afinal, não tem graça ver tudo de uma vez se sempre estamos voltando, né verdade??
O GPS foi desligado às 15h38... chegamos enfim a Afogados da Ingazeira/Pe. Antes de irmos para a recepção resolvemos primeiro nos instalar no Ginásio, local de nosso acampamento... e que lugar legal, vocês irão ver mais adiante. Bem, armamos a barraca, tomamos um bom banho para relaxar o corpo endurecido pela longa viagem... e seguimos para o local do evento que já estava na maior animação... não podia ser diferente, na sexta-feira já era o segundo dia do encontro. Cumprimos o ritual de sempre: inscrição, bandeira e troféu. Depois foi só sair pra ver a galera... e isso é o legal dos encontros, a possibilidade de conhecer, encontrar, fazer novas amizades e ampliar a rede de relacionamento. ("E aprendi que se depende sempre, de tanta, muita, diferente gente...").
Muita gente chegando e muita gente chegou no outro dia para o encontro que só terminaria no domingo... haja moto, haja gente da terra e de fora também... uma grande festa! Depois de andar de cá pra lá e de lá pra cá, resolvemos fazer o que também gostamos muito: comer pizza... rsrsr.. não tinha a nossa preferida, mas estava muito gostosa... a pizzaria era simples mas a massa e o recheio deliciosos: Pizzaria Vitória... recomendamos!!!
Manhã de sábado, 23/01, dia de passear para depois curtir o encontro, que segundo os organizadores, prometia!
E olha aí o nosso acampamento... o ginásio se transformou numa cidade de barracas... pessoas de diversos lugares dividindo os mesmos espaços... a coletividade sendo de fato respeitada! Um lugar arejado, limpo. O gestor do ginásio, Helton, nos atendia com muita educação, disponibilizando o que fosse necessário para nossa estadia: colchões, tomadas, vassoura, baldes... além de estar o tempo todo no local. O ginásio não oferecia refeições, mas havia uma cantina vendendo lanches e café da manhã, ao gosto do freguês! Tudo muito bom!!!
As 7h30 colocamos a pretinha na estrada rumo a Triunfo... o roteiro era passear por Triunfo, Santa Cruz da Baixa Verde e voltar por Princesa Isabel. Descobrimos, já na estrada, cenários lindos e ao mesmo tempo que mostraram a tristeza da seca... rios que jazem nas pedras, em caminhos que outrora eram cheios de vida.
Seguimos para Triunfo, a cidade mais alta da região pernambucana... pra se chegar até ela sobe-se uma serra que Nossa Senhora!
E foi o que nos pomos a fazer... mas logo no início... já sabem né? Não podemos ver um caminho diferente que queremos ver o que é, aonde vai dar... rsrsr... na subida nos deparamos com um caminho à direita, uma ladeira calçada por pedras... um chamariz para nós... rsrsr... então resolvemos subir e que ladeirinha, viu??? Tinham momentos em que a moto parecia que ia empinar... e era melhor nem olhar pra trás, nem para os lados... aff, era cada pirambeira! A gente se mete em cada uma... mas a aventura valeu a pena: o caminho era todo de pedra, com cercados também de pedras, pés de caju, manga, jaca... nossa! O caminho leva até umas casinhas que ficam no alto e a uma comunidade que fica num vale, descendo por outros caminhos...
Do alto avistávamos a estrada que nos levaria até Triunfo. Apesar do sol forte, uma leve e fria brisa nos acompanhou por toda a estrada... Aí, foi um tal de desce, desce, desce, sobe, sobe, sobe, até que chegamos na cidade. Enfim!!!
Um dos cartões postais da cidade é o Theatro Cinema Guarany, datado de 1922 e o lago que está localizado no meio da cidade, daí ela ser considerada um oásis, pela sua abundância de água, uma contradição em plena região do sertão brabo. No outro lado do lago tem um teleférico que liga a cidade até um ponto mais alto onde tem um cristo, um cruzeiro e um hotel... chic!!!
Fomos ao teleférico... R$6,00 por pessoa. Um passeio tranquilo, pra usufruir um pouco do silêncio e das belezas, vistas de cima, da cidade... Subimos e descemos... quem quiser pode sair e conhecer o hotel ou continuar o passeio... foi o que fizemos porque a idéia era subir de moto pela estrada que também dá acesso ao local.
Passamos antes em um restaurante e num posto de gasolina para deixarmos adesivos... disseminando o Vírus da Liberdade!
E para nós a liberdade é isso... ir para todos os lados, descobrindo lugares, modos de vida diferentes... ("Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós, e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz...")
As pedras são comuns nessa região, por toda a cidade as pedras são utilizadas no chão, em muros e na construção de casas também.
Chegamos no alto do morro de onde se vê toda a cidade... é deslumbrante! Fomos ao cruzeiro e vimos também o Cristo.
Ahhhh... que gracinha!!! Será que ela queria levar um pra casa??? Mas como??? kakak... Ei Carmen, não tem jeito não...
Tá bom, tá bom... nada de cabritinhos... mas fruta pode! E essa criatura não pode ver um pé de caju dando sopa que ele se oferece pra pegar alguns... é, cada um no seu quadrado!
Fim de passeio em Triunfo, descemos para Santa Cruz da Baixa Verde, que é conhecida como "Capital da Rapadura"... até fomos a um engenho, do amigo Filipe, mas não estava em funcionamento.
Pegamos a estrada a caminho de Princesa Isabel... mas só ali nos demos conta de que cruzaríamos outra fronteira... estávamos entrando na Paraíba, iríamos passar pela cidade de Manaíra e Princesa Isabel para depois voltarmos ao Pernambuco, por Jericó. A estrada até Manaíra era toda de barro, mas sem maiores obstáculos.
Manaíra, pequena cidade paraibana que recebeu esse nome em homenagem a uma índia. Acontecia a feira de sábado, tão comum em cidades interioranas, e o movimento de pessoas, carros e animais era intenso. Resolvemos beber caldo de cana, que estava delicioso, e passear na feirinha... Compramos uma aranha par presentear nosso amigo Paulo.
Voltamos para a estrada e dessa vez era um asfalto lisinho... Antes porém duas curiosidades do local: a primiera, as casas populares são erigidas sobre blocos de tijolos crus... casas e mais casas assim; a segunda, muita jurubeba (sabe aquela do Leão do Norte? A própria...)... de gosto muito amargo... arghhh... quem aguenta???
Rodas em movimento, seguimos para Princesa Isabel, no caminho uma linda e deslumbrante cena: um berçário natural de garças! Uma branquitude no meio da vastidão verde. Lindo de se ver!
Princesa Isabel, do sertão paraibano.
Já eram 14h00 e retornamos a Afogados para aproveitar o churrasco 0800 promovido pelos organizadores do evento. Nos encontramos com Paulo e lhe demos a aranha... rsrsr
E mais encontros se fizeram: Cida, Cheldon e os Cabras de Aço, o Papa Pop, Mundinho (Andarilho) e outros tantos que chegaram.
Este já foi o sonho de muito garoto da época!!! Um senhor carro... mas, é um gasólatra! rsrsrs
Do churrasco direto para a praça e mais encontros aconteceram: cabras, cachorrões, leões, rato... peraê!!! Devagar pra não dar um nó... rsrsr... na verdade são: Cabras de Aço, Leões do Vale, Caxorrões e Rato, estradeiro de Rondônia... ahhh bom! rsrsrs
Em Afogados há muito o que se ver, dessa vez apenas fotografamos na Catedral e nas ruínas do coreto, construído na década de 30 e demolido na década de 70, causando grande comoção popular.
Voltamos para o acampamento, descansamos e retornamos para a praça. A animação continuava intensa... exbição de motos e pessoas a passear pra cima e pra baixo, stands de produtos motociclísticos, barracas de bebida e comida, muita música... diversão pra todo gosto... um super evento!
Domingo, 5h32, 24/01... hora de zarpar! O dia iria ser longo...
Novo amanhecer na estrada... Outra de nossas paixões: fotografar nos espinhosos cactos, mandacarus, funcheiros... toda a família! rsrsr... um retrato do sertão resistente!
Paradinha para um café em Floresta... olha lá o pau-de-arara tão utilizado no nordeste. É uma forma alternativa de transporte mas que em razão da insegurança é proibida. A falta de fiscalização e de transportes adequados, principalmente aos domingos, flexibilizam o seu uso constante e que remonta dos anos 40.("Tomara que chova logo, tomara, meu Deus, tomara, só deixo meu Cariri, no último pau-de-arara...")
Continuamos a viagem e o sol nos castigou um pouco... fora as cinco paradas para abastecimento, paramos mais umas tantas para nos espichar, refrescar e espantar a maresia... tava demais!!!
Viagem longa... mas enfim chegamos, cansados, mas em paz! Foram exatos 1685 km entre ida, passeio e volta. Não deixa de ser cansativa uma viagem dessas em tão curto espaço de tempo e com tanto a fazer... mas a vontade de se divertir, do nosso jeito, com a moto na estrada e a alma voando em liberdade, em busca de conhecer mais e aprender mais ainda faz com que os obstáculos sejam efêmeros e o prazer insuperável. Viver a liberdade intensamente... somos assim!